domingo, 19 de maio de 2019

JUSTIÇA: Assassino de jornalista pode ser julgado à revelia

Assassino de jornalista pode ser julgado à revelia depois de não comparecer a dois juris marcados pelo Tribunal de Justiça da Bahia. Nas duas vezes a defesa alegou não ter encontrado seu cliente. Depois da segunda tentativa de julgar Marcone Sarmento, a juíza mandou intimá-lo por edital, ou seja, o juri acontecerá com ou sem ele.

Sarmento é acusado de participação no assassinato do jornalista Manoel Leal, em 14 de janeiro de 1998, em Itabuna, na avenida que liga o Complexo Policial ao 18º Batalhão da PM. Emboscado ao abrir o portão de casa, Leal foi morto com seis tiros pelas costas.
O juri de Marcone Sarmento foi marcado para 20 de novembro de 2018, porém foi cancelado porque nem o réu nem seu advogado, Carlos Burgos, compareceram. A juíza Gelzi Maria Almeida Souza então o remarcou para 27 de março, às 8 horas.
Novamente, nem réu nem defensor foram ao juri. A juíza remarcou novamente, para 22 de maio, porém, caso Marcone não compareça novamente, será julgado à revelia, pois sua intimação foi feita por edital e não haverá mais adiamentos.
No dia 27 de março, a juíza decretou: "não havendo manifestação, considerando que já foi tentada a intimação do réu em todos os endereços nos autos, inclusive por pesquisa no SIEL-TRE/BA (fls. 3113), sem êxito, intime-se o réu por edital para que compareça à Sessão de Julgamento".
No dia 9 de abril, ela negou um novo pedido da defesa, de mais prazo para encontrar Marcone Sarmento. A juíza lembrou que o juri anterior foi marcado para 20 de novembro, por isso "algum tempo já teve o causídico para diligenciar novo endereço do réu".

Será em Salvador

O Tribunal de Justiça da Bahia fez ainda duas intimações, uma em 29/4 para que a defesa se manifestasse sobre as testemunhas não encontradas, e outro no dia 9 de maio para tomar ciência da juntada dos antecedentes criminais do réu.
O juri será em Salvador, longe da influência dos suspeitos de mandantes, que conseguiram transformar o primeiro em uma farsa reconhecida pela Justiça. Marcone foi absolvido por um juri formado por amigos dos suspeitos, contrariando todas as provas.
Ele foi anulado pelo Tribunal de Justiça da Bahia. O novo juri poderá ter outras baixas. Uma testemunha desapareceu desde o primeiro juri e outra mudou do país, porém os depoimentos estão nos autos, filmados. Um dos mais importantes é o do policial Roberto Figueiredo.

Estava em Itabuna

Figueiredo destruiu o alíbi de Marcone, que alegava não estar em Itabuna no dia do crime. Além de outra testemunha que o viu na cidade, Figueiredo tinha informado ao delegado Jaques Valois que o taxista Leopoldino Nobre (Popó) pegou o réu no aeroporto naquele dia.
Popó contou a Figueiredo que levou Marcone até a casa da então secretária municipal Maria Alice Araújo, que ocupa a pasta novamente na atual gestão. Marcone alegava estar em outro estado neste dia, por isso a informação era essencial.
O delegado pressionou Figueiredo para que deixasse a história de lado, por isso o policial deu depoimento oficial ao Ministério Público. Poucos dias depois de Figueiredo contar o fato a Valois, Popó foi assassinado e o crime engavetado pelo mesmo delegado.
Depoimentos como os de Joelma dos Santos confirmaram a informação de Popó. Marcone foi visto na cena do crime, minutos antes do atentado, assim como durante toda a tarde em uma caminhonete estacionada na rua que leva ao local.

O jornalista Manoel Leal, que denunciou o prefeito Fernando Gomes e o delegado especial de Salvador Gilson Prata, com fartos documentos em dezembro, foi assassinado por 6 tiros pelas costas na porta da chácara onde morava, em 14 de janeiro de 1998. Leia aqui sobre mandantes. Fonte: A Região 

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